domingo, 7 de junho de 2015

Na casa do bisavô morto [Iara Maria Carvalho]

forno a lenha,
vapores senis
dos fantasmas libertos,
um alguidar esquecido na despensa.

Ao som de portas moventes,
cristaleiras emitindo
madeirices e flores antigas.

Uma máquina de costura
que cerziu tantas saias de tantas
tias tontas ao léu:
umas mortas; outras virgens.

No seu quarto,
a cama com felpuda colcha de
linha de trem partido há
décadas de ausência lendária
ensinando rezas e poesias
com os olhos verdes verdes.

Tanto tempo vivido
e os açudes sangram
pra dentro do seu chapéu vazio.


.............................
# LEIA TAMBÉM:
- É um pássaro [Iara Maria Carvalho]
- Coração violento [Iara Maria Carvalho]
- Redenção [Iara Maria Carvalho]



__________________

Iara Maria Carvalho nasceu em 1980, em Currais Novos, Seridó norte-rio-grandense. É graduada em Letras e mestra em Estudos da Linguagem, pela UFRN. Atua como agente cultural em sua cidade, através do Grupo Casarão de Poesia. Como poeta, venceu o 3º Concurso de Poesia Zila Mamede (Parnamirim/RN, 2006) e obteve a 3ª colocação no Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody (Curitiba/PR, 2010), dentre outros concursos. O Presente poema consta do livro Milagreira, publicado por Casarão de Poesia Edições (2011) -  grupocasarao@gmail.com.



Postagem em destaque

INSINUAÇÃO [Webston Moura]

Tempus fugit. (Acrílico sobre lienzo. 1992) - Ángel Hernansáez Boa ventura – Abrir a carta, de pouco em pouco, que seu engenho ...